INFUSÕES PREPARADAS COM ERVAS E FOLHAS, CUJAS RECEITAS PASSAM DE UMA GERAÇÃO A OUTRA, TÊM SUAS PROPRIEDADES CONFIRMADAS POR ESTUDOS CIENTÍFICOS. ELAS PODEM ATENUAR CÓLICAS, COMBATER O ENVELHECIMENTO OU MANTER A PRESSÃO ARTERIAL SOB CONTROLE, POR EXEMPLO. MAS É PRECISO CONHECER AS INDICAÇÕES DE CADA UMA E AS ASSOCIAÇÕES QUE DEVEM SER EVITADAS.
Embora não seja uma tradição entre nós, o hábito de beber chá começa a se tornar mais comum, principalmente por influência da cultura oriental. Sobretudo quando a temperatura cai, a bebida é perfeita para relaxar e aquecer o corpo, mas os benefícios vão muito além disso.
A nutricionista funcional Pâmela Miguel diz que os chás preto, verde e branco – todos provenientes das molhas da Camellia sinensis, diferenciados apenas pelo tempo de colheita e os processos pelos quais são submetidos – contêm flavonoides, polifenóis e catequinas em suas folhas, em particular a Epigalocatequina galato, um potente antioxidante. Por isso, auxiliam na redução dos níveis de colesterol ruim (LDL); inibem a formação de coágulos sanguíneos anormais e consequentemente o entupimento das artérias, prevenindo tromboses, problemas cardiovasculares e AVC; inibem o crescimento de células cancerígenas; e estimulam o sistema imunológico.
“Os chás preparados com essa erva ajudam ainda a reduzir a incidência e gravidade das cáries dentárias, têm ação anti-inflamatória, antidiabética e antienvelhecimento. Podem aumentar as taxas metabólicas e acelerar a oxidação das gorduras, atuando como coadjuvantes nas dietas de emagrecimento”, afirma Pâmela Miguel, lembrando que eles possuem outros compostos benéficos para o organismo, como as vitaminas B1, B2, C e K, cafeína, Cromo, Flúor, Potássio e Manganês.
Quando a alimentação não é equilibrada, gorduras e toxinas passam a se acumular no organismo, o que se traduz em aumento de peso, contribui para a formação de gases e para o inchaço abdominal. A nutricionista Paula Castilho recomenda uma desintoxicação uma vez por mês. Entre os chás mais indicados para esse processo estão o de capim-cidreira, camomila, alecrim, hortelã, erva-doce, cardo-santo, espinhadeira-santa, coentro e bardana.
O conhecido efeito ‘termogênico’ – para queimar gordura – é obtido nos chás de hibisco, casca de laranja amarga, carqueja, boldo, fucus, guaçatonga e salsaparrilha. Destaque também para os chás branco, verde e vermelho. “A queima de gordura é alcançada a partir da aceleração do metabolismo e da queima de calorias, que ajudam na quebra de moléculas de gordura acumuladas no organismo”, diz.
Outro benefício do consumo dos chás termogênicos é a diminuição dos altos níveis de colesterol, problema relacionado ao excesso de peso e à má alimentação. “Porém, é preciso acompanhamento de um nutricionista, pois o excesso pode provocar gastrite. Alguns chás, associados a outras substâncias, inclusive medicamentos, podem potencializar certos efeitos ou reduzi-los”, orienta Paula Castilho.
Gestantes e crianças devem ter autorização do médico antes de tomar qualquer tipo de chá. Hipertensos podem consumir chás diuréticos, como de hibisco, cavalinha e cabelo de milho. Chás digestivos, como de hortelã e espinheira-santa, são indicados para quem sofre de gastrite.
O MODO DE PREPARO é fundamental
Pâmela Miguel alerta para a importância do modo de preparo para extrair todos os princípios ativos das plantas. Para as folhas, o processo que deve ser utilizado é a infusão: sobre a erva fresca ou seca (que pode ser acondicionada em sachês), despeja-se água quente – e não fervida. Em seguida, o conteúdo deve ser abafado por 5 minutos.
“A quantidade ideal é de duas colheres de chá de erva para cada 500ml de água. As ervas orgânicas são ótimas opções, pois garantem ainda mais benefícios”, ensina.
Em cascas e raízes deve ser utilizada a cocção: elas são fervidas por 10 a 20 minutos, garantindo a extração das propriedades. “Preparado de forma correta, o chá pode ser consumido quente ou frio, por um período de até 12 horas. Após esse tempo, as propriedades começam a se perder”, explica a nutricionista.
A especialista alerta que as versões industrializadas, geralmente consumidas geladas, muitas vezes contêm conservantes, aromatizantes e até mesmo adoçantes, que não devem estar presentes nos chás.
Diferentemente do mate tostado comumente consumido, a erva-mate utilizada no preparo do chimarrão passa pelo processo de sapeco, secagem e moinho, preservando mais os benefícios nutricionais, como a ação diurética, digestiva, estimulante da atividade física e mental.
“A erva-mate também contribui para a redução do colesterol e para evitar as complicações causadas pelo diabetes. Substâncias como a cafeína e a teofilina têm ação termogênica, atuando como coadjuvantes no emagrecimento”, afirma.
O chimarrão contém vitaminas (A, B1, B2, C e E), sais minerais (Alumínio, Cálcio, Fósforo, Ferro, Magnésio, Manganês e Potássio), proteínas, glicídeos e lipídios (óleos essenciais). A nutricionista Paula Castilho completa: o consumo de 100 gramas de erva-mate diminui os níveis de colesterol em 29% e os triglicerídeos em 62%. A especialista lembra, no entanto, que é preciso atenção ao escolher o utensílio em que será servido.
“O porongo, utilizado na fabricação de cuias é muito poroso, absorve umidade e por isso provoca o acúmulo de resíduos e a proliferação de bactérias. As cuias de cerâmica são a melhor opção pois, além de atóxicas e livres de metais pesados, ajudam a preservar a temperatura da bebida, otimizando o seu aroma e sabor”, orienta.
Os chás de fruta também fornecem vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes. “O teor dessas substâncias varia de acordo com a fruta. O abacaxi, por exemplo, tem ação diurética e digestiva, devido à bromelina, enzima que facilita a digestão. Rico em vitamina C, potente antioxidante, é indicado também para doenças respiratórias, dores de garganta, problemas no fígado e bronquite” diz Paula Castilho.
Os dias mais frios do inverno podem ser uma boa oportunidade para adquirir o hábito de tomar chá e aproveitar seus inúmeros benefícios.
ALGUNS CHÁS E SEUS BENEFÍCIOS
Boldo: melhora a digestão, alivia cólicas, diarreia, flatulência e prisão de ventre. Indicado para desintoxicação alcoólica.
Erva-cidreira: calmante, digestiva e analgésica. Alivia dores, cólicas menstruais e contribuim para reduzir a pressão arterial. Induz o sono.
Erva-doce: digestiva, diurética e analgésica. Melhora o funcionamento do intestino. Indicada para náuseas, também combate a insônia.
Capim-limão: digestivo, calmante, diurético, expectorante e depurativo. Alivia dores de cabeça, cólicas menstruais e intestinais. Auxilia na redução da pressão arterial. Indicado para diarreia e afecções do estômago. Induz o sono.
Hortelã: potente ação digestiva. Indicada para febre, gases, dor de cabeça, cólica, diarreia, afecções estomacais e da garganta, tosse e rinite. Ação analgésica, anestésica e descongestionante nasal.
Maçã: calmante, digestiva, diurética, anti-inflamatória, antibacteriana e antiviral. Indicada para diarreia e distúrbios do sono. Desinfetante bucal.
Casca de laranja: diurética, digestiva, desintoxicante e sedativa. Indicada para acidez estomacal, cólicas do aparelho digestivo, flatulência e má digestão. Rica em vitamina C. Potente antioxidante, previne gripes e resfriados.
Chá-preto: antioxidante, combate os radicais livres. Atenua os efeitos nocivos dos alimentos gordurosos.
Chá-verde: auxilia a perder peso, reduzir taxas de colesterol e controlar a pressão arterial. Ativa o sistema imunológico, reduz o risco de doenças degenerativas. Ação cicatrizante tópica.
Chá-branco: o mais eficiente para queimar gorduras, combate o envelhecimento precoce. Tem menos cafeína que o chá-verde. Reduz o risco de doenças cardiovasculares. Se bem indicados, os chás podem ser aliados não só da saúde, mas também da beleza: conforme a erva utilizada, são ricos em antioxidantes que combatem os radicais livres
FONTE: Fadua Matuk; SAÚDE; Nouvelles Esthétiques Brasil; ANO XXIV; n°134
